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Artigo | O poder do voto

postado em 30/08/2016 16:55 / atualizado em 30/08/2016 16:55

As eleições se aproximam. Festa cívica, hora da verdade, acerto de contas, euforia, gritaria, enfim, manifestação inconteste do poder do povo. Políticos, acostumados ao luxo de gabinetes acarpetados, envidraçados, bem decorados e habitados (muitas vezes por parentes), se atropelam pelas cidades, apertando mãos, tomando cafezinhos, comendo pastéis e almoçando em restaurantes populares. Recebendo vaias e aplausos, enaltecendo as suas virtudes e fazendo desaparecer, como num passe de mágica, os seus defeitos. Sempre atrás daquele que selará o seu destino político: o povo.

E tome caminhadas, carreatas, debates e embates. Como é interessante vê-los em contato com a população! Para muitos, um grande sacrifício, denotando pouca prática no trato com o popular. Afinal, não se vêem com muita freqüência. Num país de desigualdade social tão aguda, é no mínimo curioso ver o político, um pouco desalinhado e despenteado, disputando a atenção do mais simples cidadão, mesmo que desempregado, faminto, sem teto e sem dinheiro. Esse mesmo que costuma não ser atendido nas residências, quando esmola, que é barrado e maltratado em espaços públicos, quando tenta entrar ou permanecer, mas que carrega no bolso, em tempos de eleições, o seu passaporte momentâneo: o título de eleitor.

Na televisão e no rádio, o esforço do político em se mostrar para a população e a ela se dirigir é, por vezes, algo comovente. ”Meu amigo”, “caro eleitor”, “cidadão” são algumas das expressões utilizadas por aqueles que querem o nosso apoio para se tornar nossos representantes no Legislativo e no Executivo.

Seria ótimo que toda essa preocupação batesse fundo nos corações como verdade, como intenção sincera de solução para os problemas graves que assolam a sociedade brasileira. Espantam-se, entretanto, os eleitores com tamanha atenção a eles direcionada. Quando se voltam para a realidade duríssima da concentração de renda e da exclusão social, da péssima qualidade dos serviços públicos, dos altos índices de criminalidade e outras tantas mazelas, perguntam a si mesmos sobre o paradeiro recente dessas pessoas que se apresentam, hoje, como salvadores da pátria e seus amigos. Certamente, têm dificuldades de acreditar que seja possível, em tão pouco tempo (ou mais tempo, para aqueles que na função já se encontram), promover-se alteração tão radical em suas vidas. É preciso muita reflexão neste momento.

É preciso mais! Necessário agir, discutir, com tolerância e respeito, na sua família, no seu local de trabalho, na sua escola, na sua Igreja ou em qualquer outro lugar. A cena social brasileira nos colocou na condição de atores formados no tablado da vida. Fazer política é uma necessidade. E não basta votar, é preciso acompanhar, fiscalizar. Fazer dos escolhidos verdadeiros representantes do povo, nossos mandatários, e que conosco estejam mais vezes, apertando as nossas mãos, tomando cafezinho, comendo no bandejão, enfim, procurando saber o que queremos e do que verdadeiramente necessitamos. Fazer com freqüência o que, no momento, estão fazendo.

Vejamos se não está na hora de um pouco mais de dedicação a este momento sublime do vestibular eleitoral. O futuro que se escolhe no presente depende, com toda certeza, do se fez no passado.

Não deixemos que nos enganem e nem nos enganemos. Façamos a nossa parte e que Deus nos ajude!
Por Wagner Pinto Domingos
Auditor-fiscal aposentado da Receita Estadual de Minas Gerais

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